domingo, 19 de setembro de 2010

Artigo Acadêmico de minha Autoria [2009]

Ensaios sobre o Oriente próximo – 2.

Rubens Luis Urue Filho

Genericamente, são denominados palestinos os habitantes da região que lhes faz referência. Grande parte das pessoas costuma equivocar-se quando o termo ‘Palestina’ é mencionado. Entretanto, conseguem equacionar um raciocínio até que razoável: “Guerra + Palestina = cenário comum de conflito no Oriente Médio”.
Embora ocorram, simultaneamente, cerca de 300 conflitos armados no mundo atual, a Palestina atrai para si todos os olhares. E não à toa. Sua história é muito rica e interessante. Geograficamente falando, podemos concebê-la como sendo um estreito (e cobiçado) trecho de favorável ligação entre a África e a Ásia.
Devido a tal localização estratégica, seu território já foi (e continua sendo) palco de inúmeras conquistas e disputas por povos de origens diversas. Um dos mais antigos embates nessa região deu-se entre os ‘Povos do Mar’ (os filisteus, originários da ilha de Creta) e a Civilização Egípcia – numa de suas fases decadentes no séc. XII a.C. Desde esse período, a Palestina é fadada às mais diversas instabilidades.
Esclarecida a peculiar ‘condição natural’ dessa região, percebe-se que o conflito israelo-palestino – que se estende por nossa atualidade – não é assim tão insano ou inexplicável, como costuma parecer aos mais desatentos.
Há de se especificar que residem na Palestina, hoje, populações adeptas das três grandes religiões originárias de um mesmo ‘berço monoteísta’. Num cenário antiquíssimo, mulçumanos, judeus e cristãos (sendo estes últimos, considerados minoria) esforçam-se para manter um diálogo que, na maioria das vezes, é calado diante do fatigante peso da intolerância e dos preconceitos.
Prosseguindo com a historinha iniciada anteriormente: Passados três dias da maior celebração judaica contemporânea (em ocasião da já especificada data de 14 de Maio de 1948) deu-se início uma contra-ofensiva árabe contra o recém-nascido Estado Hebraico. A aliança árabe, formada por Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Arábia Saudita, Iraque e Iêmen, travou contra Israel a conhecida Guerra da Independência – que durou cerca de quase dois anos e da qual saiu vencedora a nação israelense.
Com esse empreendimento bélico, Israel acabou por adquirir um território maior que o acordo de sua criação, originalmente, estabelecia. Pois bem, outras guerras ocorreram posteriormente acirrando, a cada batalha travada, a dicotomia árabe/israelense. A Guerra dos Seis Dias, em 1967, concedeu nova vitória a Israel, frente ao ‘grupo dos três’, Egito, Jordânia e Síria. Como conquista de guerra, do primeiro, ocupou-se o monte Sinai, do segundo os montes de Golã e do último, o território da Cisjordânia.
Ocupando-se exclusivamente acerca dos sucessivos conflitos nesse ponto do globo, restaria-me publicar uma Enciclopédia da Palestina, mas como essa não é minha intenção sincera. Passo à atual situação dessa referida região, com meus conceitos formulados nos fatos: que o Estado Hebraico estabeleceu seu território à base de conquistas e imposições particulares, disso não resta dúvida; que a Autoridade Palestina possui como princípio instituído – apoiado pelos vizinhos árabes – a ‘destruição’ de Israel, também é do conhecimento de todos.
O que pouco se conversa é a existência de uma tramitação, já antiga, para a criação de um Estado Palestino a exemplo do Estado Hebraico. Falta é interesse e empenho internacional para concluir essa meta que – desnecessário dizer – é demasiadamente complexa. É como já inferi antes, a diplomacia contemporânea parece encontrar-se em frangalhos.
Com a atual Crise Financeira Internacional (C.F.I), os mais ricos querem mesmo é não sucumbir diante dessa tormenta, por eles mesmos causada. O BRIC não possui nenhum membro originário do Oriente Médio e o petróleo está em vias de esgotamento de reservas. Oras, se o que move o mundo, ainda é a economia, por que se preocupar?
Por que se preocupar com milhões de palestinos refugiados ou com uma porção de israelenses atingidos por mísseis islâmicos? Com o férreo controle que Israel exerce em suas fronteiras, não é a visita presidencial ianque – em busca de acordos e mais acordos – que sufocará rebeldes palestinos (mesmo sendo o ‘novo messias’ afro-ianque Barack Obama).
Veja o disparate econômico (e outros) entre mulçumanos e judeus que ali vivem. Os primeiros possuem a maioria de sua população vivendo em condições, muitas vezes, miseráveis. Tudo a eles é vedado ou dificultado pelo ‘princípio de segurança’ israelense. Estes desfrutam de uma das rendas per capita mais generosas do mundo, educação e infra-estrutura de países desenvolvidos. Que Israel adote uma postura de proteção aos seus cidadãos, isso é justo. O que é injusto é a desigualdade entre essas nações, destinadas a compartilhar de um território confuso, impreciso.
Tais desigualdades nutrem o ódio dos que se encontram reprimidos, dos que encontram ‘por baixo’. Daí, o surgimento de uma infinidade de rebeldes à la Hamas. Detalhe: os palestinos que vivem na Faixa de Gaza são a população mais jovem do mundo, logo, conclue-se que tais rebeldes, em grande número, não passam de crianças armadas. Em vez de escolas, frequentam instalações de milícias. Ao invés de Matemática ou Português, aprendem lições de intolerância contra judeus e o manuseio de armas de fogo.
Sob o meu olhar, a situação é simplesmente esta. Se estou correto, não sei. Totalmente errado, certamente não. Enxergo aqui o elemento multiperspectívico de interpretação. Enquanto essa desigualdade de direitos e de acessibilidade não for extinta, a paz não encontrará terreno na Palestina.
Quem sabe com a efetivação de um Estado Palestino reconhecido por uma ONU (radicalmente reestruturada), essa região encontre um pouco de estabilidade. Quem sabe isso aconteça... Ou não.

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