domingo, 10 de outubro de 2010

Sobre os Crop Circles...



Introdução

Os Círculos nas Plantações (Crop Circles) são padrões geométricos que vêm surgindo em plantações de cereais em todo o mundo desde o fim da década de 70. Embora o fenômeno se concentre na Inglaterra - dois terços dos círculos foram descobertos em campos ingleses - estas formações já foram observadas em vários outros países como EUA, França, Japão, Canadá, Holanda, Hungria e Rússia. O nome do fenômeno se encontra um tanto envelhecido pelo tempo, pois nem todas as formações conhecidas são circulares nem apareceram exclusivamente em plantações, já tendo sido observadas sobre neve, areia e sobre a superfície de lagos congelados.

Dos círculos ingleses, 80% (esta estatística varia de acordo com a fonte e o critério de contagem) foram produzidos no Sul da Inglaterra em uma área denominada "Triângulo Místico", cujos vértices seriam os sítios de Stonehenge, Avebury e Glastonsbury. Este fato por si só já bastaria para conferir ao fenômeno uma atmosfera mística, mas, além disso, é muito freqüente estarem associados à descoberta dos círculos relatos de sons estranhos, luzes coloridas e aparição de OVNIs.

Os círculos nos campos permaneceram um mistério sem pistas até 1991, quando dois aposentados ingleses, Doug Bower and Dave Chorley, admitiram ter feito mais de 250 círculos desde 1978. Se para a mídia e para os cientistas em geral o mistério pareceu resolvido, a maioria dos cerealogistas (como são conhecidos os investigadores dos círculos) não se satisfez com a declaração de Doug e Dave. 


Declararam ser impossível que dois senhores de idade pudessem ter feito círculos de tamanha engenhosidade e enganado todos os investigadores durante mais de uma década. Acusaram os aposentados de contradições em suas declarações e afirmaram categoricamente que aquilo não passava de uma bem orquestrada armação de orgãos internacionais (mais precisamente um conluio entre a CIA, o MI-5, o serviço secreto alemão e o Vaticano) para desestimular a busca pela verdade sobre os círculos e desmoralizar os estudiosos

Para os cerealogistas, a declaração de Doug e Dave, longe de encerrar o caso, tornou-o mais interessante, pois agora havia provas que forças ocultas estariam tentando esconder a verdade do público. Atualmente, os pesquisadores já contam mais de 10.000 círculos observados desde meados dos anos 70 (outra estatística que varia bastante de acordo com o critério de contagem). De lá para cá, os círculos se tornaram maiores, mais complexos e se espalharam pelo mundo. Atualmente o fenômeno vive um momento só comparável ao início da década de 90.

O que dizem os caçadores de círculos?

Como seria de se esperar, os estudiosos dos fenômenos dos círculos nos campos, como os demais estudiosos de assuntos paranormais (onde por paranormal entenda-se o que está fora dos limite da experiência normal) são de composição mista, variando desde o estudioso que utiliza pelo menos um mínimo de aparato científico até o mais evidente charlatão que mistura este fenômeno num enorme caldeirão místico onde já estão artes divinatórias (existem "cartas de oráculo" baseadas nos círculos), médiuns, curandeiros, fantasmas, etc.

A maioria dos cerealogistas reconhece que vários do círculos foram e continuam sendo feitos por pessoas com intenções variadas, que iriam desde a simples vontade de aparecer até a tentativa deliberada de desacreditar o fenômeno, mas acreditam que a maior parte dos círculos possuem características que não poderiam ser reproduzidas por seres humanos. Seriam elas:

(1) Presença de quantidades anormais de radiação eletromagnética;

(2) Hastes das plantas dobradas e não quebradas;

(3) Alterações biofísicas nas plantas;

(4) Aparelhos elétricos e magnéticos como câmeras, bússolas e celulares que não funcionam no interior dos círculos.


Outras características menos comuns relatadas por testemunhas incluem alterações do espaço-tempo no interior dos círculos (documentadas por fotografias (!?) e relógios que param), depósitos microscópicos de material de meteoritos e sensações de desconforto, como tonturas e vômitos, no interior dos círculos.

Uma vez descartada a hipótese de que TODOS os círculos tenham sido feitos por seres humanos, há (ou houve) pelo menos três teorias sobre quem estaria criando os círculos "genuínos":

(1) Os Círculos são criados por extraterrestres ou "inteligências superiores";

(2) Os Círculos são criados pela própria Terra, que seria uma entidade viva (chamada de Gaia) provavelmente através de vórtices de vento ou plasma;

(3) Os Círculos são criados espontaneamente por uma espécie de força geo-magnética;


As duas últimas hipóteses parecem ter sido abandonadas recentemente devido ao aparecimento em agosto de 2001 de duas formações bastante especiais: uma retratando uma face humana (ou extra-humana) e outra reproduzindo o código transmitido ao espaço em 1974 pelo radio-telescópio de Arecibo como parte do programa SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence). É geralmente aceito que estas formações exigiram uma entidade criadora com algum grau de inteligência.

Mais importante do que quem poderia estar fazendo os círculos é como eles estão sendo feitos. Sobre isso os pesquisadores tem menos pistas, ou menos campo para especular. O que se sabe é que quase a totalidade dos círculos foi criada da noite para o dia, embora existam alguns poucos relatos de círculos (pouco críveis mesmo entre os estudiosos) que parecem ter sido criados em questão de minutos ou até mesmo segundos.


A teoria dos vórtices de vento ou "energias de plasma" como um fenômeno meramente meteorológico esteve muito em voga durante o início do fenômeno, mas não pôde dar conta da complexidade crescente dos círculos ao longo dos anos

Em julho de 2001 o Dr. Eltjo Haselhoff publicou um trabalho no jornal "Physiologa Plantarum" onde concluiu que as modificações estruturais supostamente sofridas pelas plantas no interior dos círculos poderiam ser explicadas por "bolas de luz" aquecendo o campo (bolas de luz costumam ser observadas em conjunção com os círculos). Sobre a natureza destas bolas e como elas fariam para aplainar as plantas ainda não há hipóteses.

Não sabendo quem e, menos ainda como, o porquê os círculos são formados tem mais opções. É geralmente aceito que alguém ou alguma coisa está tentando comunicar algo. Assim muitos vêem na geometria intricada dos círculos uma linguagem através da qual se transmite uma variedade de complexas informações tais como figuras de animais e insetos, símbolos representando deuses e deusas, símbolos genéticos, códigos de viagem no tempo, arquétipos cósmicos, circuitos elétricos, dispositivos espaciais, símbolos astronômicos e astrológicos e até mesmo "insígnias do povo das estrelas".

Uma pista para a suposta mensagem e seus supostos autores pode estar na localização dos círculos. Há quem sustente que a região em que a maioria dos círculos está localizada é um chacra da Terra (no homem um chacra seria o ponto onde a alma está presa ao corpo) e que tal local é "um portal para energias cósmicas onde o véu entre as dimensões é muito tênue" (algo como "As Brumas de Avalon"). 


Estes estudiosos afirmam existirem fortes evidências que os círculos são na verdade símbolos representando chacras humanos. Segundo esta interpretação, a formação do Castelo de Barbury, um dos círculos mais famosos, é associado "a estrutura etéria de Gaia, a mãe Terra". Outra formação, a Roda Dármica, estaria, segundo os mesmos peritos, relacionada ao desenvolvimento espiritual do homem. 

Existem ainda aqueles que relacionam o aparecimento dos círculos a sonhos e outros correlacionam suas mensagens ao livro do Apocalipse. Em www.greatdreams.com, o autor vai um pouco mais longe e correlaciona os círculos nos campos com o atentado de 11 de setembro.

Independente de quem, como e por quê, de forma quase unânime os pesquisadores acreditam haver algum tipo de conspiração envolvendo os governos de vários países, incluindo o Vaticano, para tentar abafar a verdade sobre os círculos, seja ela qual for. Segundo eles, algumas pessoas, com o apoio da mídia, estariam sendo pagas para fazer círculos ou para assumir a autoria de círculos que não fizeram com o propósito de ridicularizar o fenômeno e os pesquisadores, mantendo a verdade oculta.

O que dizem os céticos?

A opinião dos céticos é simples: todos os círculos encontrados até hoje, foram feitos por homens. Provas e documentação neste sentido não faltariam. Um dos principais argumentos dos cerealogistas é de que os círculos mais complexos já encontrados - como o Triple Julia Set - não poderiam ser feitos pelas pessoas que os assumiram, simplesmente porque não haveria tempo para isso (as noites de verão inglesa tem apenas 4 ou 5 horas). Entretanto vários grupos já fizeram círculos de extrema complexidade diante de câmeras para programas de televisão em até 4 horas.

Um dos grupos mais famosos de fazedores de círculos ingleses entitula-se "The Circlemakers" e é formado por Rod Dickinson, Jonh Lundberg, Wil Russel e Rob Irving. Seu site www.circlemakers.org contém extenso material sobre todo o fenômeno, entendido por eles como um fenômeno cultural e não místico. 


Neste local pode-se encontrar um guia das técnicas e materiais utilizados para a construção dos círculos, detalhes (como explicações de como é a brisa batendo nas fitas usadas para marcação que gera os sons estranhos relacionados aos círculos) e dicas, tais como a escolha do melhor local, onde estacionar o carro durante a noite e especialmente como enganar os cerealogistas fazendo o círculo parecer "genuíno".

Sobre as alegadas transformações sofridas pelas plantas no interior dos círculos, os céticos dizem que o único estudo sério até o momento, conduzido pelo biofísico Dr. Levengood possui sérias falhas na maneira como foi conduzido e que suas interpretações dos resultados são tendenciosas (Levengood afinal é defensor da teoria que os círculos são criados por vórtices de plasma). Segundo Joe Nickel, pesquisador do CSICOP (Committee for Scientific Investigation of Claims of the Paranormal), a única conclusão a que o Dr. Levengood chega em seu artigo é de que existe uma correlação entre as alterações celulares e estruturais das plantas e a sua posição no interior do círculo. 


O problema é que correlação não implica em causalidade como provou o matemático John Allen Paulos ao mostrar, por exemplo, que existe correlação entre a habilidade matemática e o número do sapato de um grupo de estudantes ("Statistics Often Misused to Cite Links as Causes," Lexington Herald-Leader (Lexington, Ky.), January 5, 1995.).


* Fonte: Projeto Ockham - http://www.projetoockham.org/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Buscador - Paralelos Experimentais

Seguidores